Maio é o Mês Internacional da Masturbação. A data foi instituída pela sexóloga Carol Queen em 1994, após Joycelyn Elders, a primeira secretária da Saúde negra dos Estados Unidos, ter sido demitida por sugerir o autoprazer no programa de educação sexual nas escolas.
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A masturbação feminina ainda é um tabu muito grande em pleno 2021, segundo a sexóloga Andréia Paro. “Infelizmente, a masturbação ainda carrega estigmas e tabus, principalmente em se tratando da masturbação feminina. Falar sobre a mulher se tocar, conhecer seu corpo, sua vulva, se dar prazer, gozar, ainda é encarado por muitas pessoas e instituições como algo ‘errado’, ‘pecaminoso’, ‘sujo’, e por aí vai”, diz ela.
Ela explica por que é tão importante conhecer o próprio corpo e se dar prazer. “A autoestimulação é um ato de amor por si, fundamental para conhecermos o nosso corpo, o tipo de estímulo e onde gostamos de ser tocadas. Faz parte da nossa educação, do nosso bem-estar e é indispensável para a nossa satisfação sexual.”
Já Chris Marcello, idealizadora da empresa de bem-estar sexual Sophie Sensual Feelings, ressalta que a libido faz parte da nossa vontade de viver e, por isso, a masturbação é tão significativa. “Associamos a energia sexual apenas ao ato, mas na realidade a libido diz respeito ao ‘tesão’ pela vida. É essa energia que nos move, e em tempos como os atuais, logicamente, essa energia pode minguar ou, dependendo do repertório de vida de cada um, ser a energia extra que funcionará como mola propulsora”, conta.
Por isso o bem-estar sexual é tão importante quanto qualquer outro tipo de cuidado com o corpo e mente. “Historicamente, o prazer foi muito negado à mulher, ‘nos calamos’ na cama e muitas vezes colocamos no ‘colo’ de outra pessoa a responsabilidade do gozo. Temos refletido muito mais sobre tudo isso, e todos os gêneros têm se permitido viver sua sexualidade de forma mais verdadeira. Promover o bem-estar sexual está em hábitos rotineiros: o banho, por exemplo, é um momento poderoso de intimidade e relaxamento.”
Chris explica que pequenos hábitos do dia a dia impactam diretamente no nosso desejo e saúde sexual: exercícios físicos, de respiração, consciência corporal e yoga são alguns dos exemplos de ações que podem ajudar.
“Mas acho que nada supera a masturbação, que é o melhor exercício de autoconhecimento que podemos nos proporcionar. Cuidar-se melhora a autoestima, nossa relação com o corpo, e nossa mente agradece. A consciência corporal é a habilidade de conhecer esse corpo”, completa.
Andréia e Chris dão algumas dicas de como melhorar sua saúde sexual e perder o medo dos brinquedos eróticos, além de apimentar a relação com o parceiro/a:
1) Estar em dia com exames clínicos. No caso dos homens, segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 31% dos homens não têm o hábito de ir ao médico e, desses, 55% afirmam que não precisam (é medo, ou complexo de super-homem?). Independentemente de gênero, prevenir é melhor do que remediar.
2) Investir no “autocuidado”: atividades físicas regulares, boa alimentação, cuidar da higiene pessoal, da aparência… É um “cafuné” delicioso no amor próprio.
3) Investir na saúde mental: buscar atividades para relaxar, que ajudem a cuidar do espírito, contribuirá para seu equilíbrio emocional.
4) Ressignificar crenças limitantes em relação à sexualidade, como pensar no sexo como algo sujo, feio, pecado.
Na hora de inovar com o parceiro, Chris sugere explorar novas técnicas ou até mesmo pequenas ações que não são ligadas ao sexo diretamente.
“Invistam no universo erótico: sexo é transgressão, liberdade. Novas técnicas (slow sex, edging…), novas experiências (sex toys, cosméticos sensuais…), ampliem seus repertórios sexuais (leituras de contos eróticos, filmes…). Isso ajudará a sair do sexo mecânico e chato”, diz. “Sexo não é competição: sexo é bem-estar. Livrem-se da ansiedade performática e foquem no prazer. Reconhecer o prazer como um benefício para o corpo é maravilhoso e amplia as possibilidades”, relembra.